20 outubro 2013

M de momentos

Como disse, propus-me a ler o livro The Inner Game of Tennis” de Timothy Gallwey. A surpresa foi logo imediata. À medida que o livro falava das diversas dificuldades sentidas pelos jogadores durante os treinos e as provas, sobretudo nos momentos de maior tensão eu ia vendo desfilar à minha frente o nervoso dos exames, especialmente do 12º ano e depois de como na faculdade precisava de 10 a 15 minutos iniciais para acalmar-me, e o terror que eram os exames orais. 

Num mundo tão bombardeado de livros a mandar pensar positivo e a visualizar aquilo que se quer (lembro-me de livros de marketing que chegavam a dizer “tenha fotografias do que quer no espelho da casa de banho que vai programar a sua mente para o obter”, como se criasse espontaneamente) que me parecia banha da cobra. Assim, foi uma lufada de ar fresco ler uma opinião semelhante à minha mas muito melhor explicada do que alguma vez o fiz nas minhas discussões sobre o tema. Pensar positivo tem como subtexto ou subjacente a ideia do seu contrário, se há positivo que se quer ter também há um negativo de que se deve fugir. Era esta a ideia que eu não conseguia explicar. Forçar a pensar positivo é gastar ou melhor desperdiçar energia, tão necessária para a concretização da tarefa.

 A forma de visualizar na mente o gesto pretendido vendo a raquete a bater na bola e o trajeto desta, percebe-se como programação da mente para repetir o gesto, aliás os anos vieram a provar que essa visualização tinha resultados e por isso é extensamente usada no desporto até já com imagens detalhadas com sensores nos elementos-chave do movimento como usada na biotecnologia. Percebi nos exercícios do coaching para a procura de valores como a visualização pode ser usada noutros contextos, não com a imagem do carro ou da casa dos sonhos mas com a vivência da situação sonhada/objetivo. 


Timothy Gallwey decompõe a pessoa em dois self, o self 1 que ideializa e critica e o self2 que concretiza. Aliás a grande lição do livro será precisamente o perceber que a comunicação com o self 2, ou seja, com o euconcretizador, é feita por vivência, pelas sensações usando os sentidos mais fortes em cada um. Para mim será mais eficiente o som, ouvir-me nas situações e assim sentir-me lá. Para outros poderá ser mais visual, ou o cheiro, a cada e em cada situação o seu.

Timothy Gallwey descreve também o papel positivo que o self1 pode desempenhar ao dar ao self2 um objetivo, um sentido para as suas ações fazendo o paralelo entre a relação self1 self2 e a relação mãe/bebé remetendo para o problema da confiança em nós própriosNo entanto alerta para a necessidade de que o objetivo transmitido seja aquele que realmente a pessoa quer e não uma forma deturbada. Ou seja, não chega ter um objetivo, ele deve ser bem transmitido ao self2 usando a sua linguagem como referi atrás. O autor descreve o processo ideal que deveria ser usado no sentido da alteração de comportamentos, que reforça esta minha ideia:
1.

Observar de forma isenta e detalhada o comportamento que se pretende alterar de modo a chegar ao objetivo
2.

Programar a mudança que se pretende realizar usando a linguagem do self2, ou seja de forma sentida e não apenas verbalizada
3.

Deixar acontecer, praticar, exercer, etc.
4.

Observar o resultado e se ainda não for o desejado, regressar ao ponto 1.

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